O Galpão Cultural tem um nobre espaço ocupado pelo Museu Clirton Rêgo Cabral.

Biografia

Filho de Cícero de Miranda Cabral e Anita Rêgo Cabral nasceu em 28 de março de 1923 em Alagoas, na cidade de Ataláia, onde vive até seus 15 anos. De 24/25 de dezembro de 1939, sai de sua terra natal para, em Recife, cursar a Escola de Aprendizes-Marinheiros. Em 02/02/1940 ingressa como Aprendiz de Marinheiro e, nessa mesma Escola, recebe a medalha “Marcílio Dias” por ser o melhor aluno de sua turma, distinguindo-se por sua conduta e entusiasmo profissional. Chega ao Oficialato em 1958 e passa à reserva remunerada em dezembro de 1964, com o posto de Capitão-de-Corveta. No Rio de Janeiro, na Marinha do Brasil, se especializa em Comunicações Visuais e, em 22 de agosto de 1942, foi chamado a participar da Segunda Guerra Mundial. Ainda com 18 anos, partiu no Encouraçado Minas Gerais, patrulhando e defendendo o litoral do Brasil no Atlântico Sul, Atlântico Norte, conduzindo comboios a navios mercantes e servindo em navios como base de apoio, numa luta sem tréguas, durante 3 anos e 3 meses, quase todo o período da II Grande Guerra, até cessar o Estado de Beligerância entre o Brasil e os Países do Eixo em 30 de novembro de 1945.


Professor Clirton
Sendo convidado para pertencer à Marinha Norte Americana opta pela Marinha do Brasil. Trabalha e, na hora de folga, ensina Matemática a seus colegas de Marinha. Nessa época fez o curso de Aperfeiçoamento de Oficiais . No dia 16 de outubro de 1949, vem a Bom Jardim conhecer a família da namorada, aproveitando a oportunidade, pede-a em casamento ao Sr. Armando Costa e D.Áurea que já nutriam simpatia pelo rapaz. Emir e Clirton casam-se em 30 de junho de 1951. Desta união nasceram 4 filhos: Anita, Áurea, Clirton José e Cícero.

Na Marinha de Guerra do Brasil recebe: Medalha de Bronze- Dez anos de bons serviços prestados à Marinha de Guerra do Brasil; Medalha de Prata – Vinte anos de bons serviços prestados à Marinha do Brasil; Medalha de Três Estrelas- Serviços relevantes prestados aos aliados, como soldado brasileiro, na Segunda Guerra Mundial; Medalha de Força Naval do Sul-Serviços relevantes prestados aos aliados como membro da Força Naval do Sul.

Na vida civil é homenageado com as medalhas de : Mérito Legislativo da Câmara Municipal de Bom Jardim-RJ; Pré-Centenário Prefeitura Municipal de Bom Jardim; Avec lês compliments de La Ville de Fribourg e Placas em Prata de Turmas, alunos e Escolas. Troféu API- Associação dos Profissionais da Imprensa da Região Centro Norte Fluminense, em 2000.

Ao ser transferido para o Sanatório Naval de Nova Friburgo, escolhe residir em Bom Jardim por gostar muito desta cidade e de seu povo. Aceita ser professor de matemática no Ginásio Bom Jardim e na CNEC (Escola Joanna Cantanheda Monnerat e Ginásio Bom-Jardinense) em 30 de junho de 1963. Em 1965 torna-se vice-diretor e diretor dessas escolas. O Ginásio Bom Jardim foi oferecido a ele por Dr. Péricles Corrêa da Rocha que, sendo o dono, queria doar-lhe, incluindo as terras de sua sede. Ele prefere que Dr. Péricles o doe à Ordem Agostiniana, confiando nesta congregação. Daí começaram as campanhas para a construção do atual Colégio Santo Agostinho, do qual fez parte ativa desde a pedra fundamental, e lá trabalha por longos 27 anos, assumindo o cargo de Diretor Geral e Professor de Matemática, doando, sempre, seus vencimentos para custear os estudos de várias gerações de alunos desta comunidade. Seu lema era: “lutar para que nenhum aluno desista dos estudos”.

Faz o curso de Técnico em Contabilidade; Curso de Matemática no Ministério da Educação e Desportes; Licenciatura Plena em Matemática e Física e Desenho Geométrico, como também, Administração Escolar na Faculdade de Filosofia Santa Dorotéia em Nova Friburgo.

Sai do Colégio Santo Agostinho no dia 30 de dezembro de 1990. E em prol da Educação dos jovens desta terra e vizinhas, em 1992, a convite, aceita dirigir e dar aulas de matemática e geometria no Centro Educacional Phoenix.

De presença sempre participativa na comunidade torna-se Presidente do Mobral em 1972/73, trabalhando ao lado da grande Irmã Yvone Stutz Emrich; Sócio Fundador e ex-presidente do Conselho Deliberativo do Bom Jardim Maravilha Clube; Sócio e ex-presidente do Conselho Deliberativo da Santa Casa de Bom Jardim; Sócio da Recreio Sociedade Musical Bom-jardinense; Membro e Ex-presidente do Conselho de Cultura; Sócio Fundador e Vice-presidente da Academia Bom-jardinense de Ciências Letras e Artes.Título de Cidadão: Friburguense e depois Cidadão Bom-jardinense e Sócio dos Excombatentes do Brasil e Membro da Associação dos Agostinianos Descalços. Por diversas vezes, é considerado melhor diretor e professor por institutos de pesquisas realizados nesta cidade e por muitas turmas de alunos é escolhido seu patrono ou paraninfo.
Conhecido por seu espírito de luta, idealismo, amor à pátria, crença na Educação, homem voltado à leitura, contador de histórias(fatos e viagens), fé cristã, amor à família e de dar a mesma forma de tratamento para todos, registramos algumas lições deste Professor: “Trabalho,professor, é meio de vida e não de morte”. ”Se soubesse que o mundo iria acabaria daqui a um minuto, no último segundo começaria a pensar”. “Terra onde não vou, feijão dá na raiz”. “É... comeram a vergonha com farinha seca e não se entalaram”. ”Passa para a história quem a história determina”. “Alunos estudem, pois esta é a maior riqueza”. “Para se tomar uma atitude justa, deve-se ouvir os dois lados”. “As mães não deveriam morrer jamais”. “Um aluno não deve nunca delatar o outro”. “Alunos, observem o bambuzal altivo, esplendoroso com sua ponta voltada para o chão para lembrarmos da humildade”. “Perto de quem come e longe de quem trabalha”. “Escolas não se fecham; quando se fecha uma Escola, certamente, abrir-se-á uma cadeia ou uma penitenciária”. “Em meio de canal não se fundeia”. “ Enquanto se descansa, carrega-se pedra”. “Pobre só vai pra frente por topada ou estudando”. “ A recompensa do professor está na vitória de seu aluno”. “O jovem pode ter mágoas do seu professor, mas o professor jamais pode ter mágoas de seu jovem aluno”. “Sou militar de profissão e professor de coração”.

Cada aluno que passava em um concurso, vestibular ou conseguia um emprego era um alegria muito grande para ele, Era a sua felicidade. Suas festas preferidas: A Festa Cívico-Escolar de 7 de setembro e o Natal: ”Natal é a festa da vida e da família”.

Torcedor sofrido do Botafogo, leitor assíduo do Jornal do Brasil e Notícias Classitudo. Anota todos os dias, desde 1968 a temperatura relativa do ar, máximas e mínimas, a pressão atmosférica e, como também, registrava no mapa de anotações a quantidade de chuvas, através do pluviômetro.

No dia 16 de outubro de 2002, às 6h, já pronto para trabalhar no C. E. Phoenix enfartou e por motivo de saúde, em novembro, se afastou, e no seio da família já havia convalescido muito. Mas veio a falecer no Domingo 23 de fevereiro de 2003, às 12h, aos 79 anos e 11 meses.

Suas gargalhadas agora ecoam no céu.

Pai, nos abençoe! Professor, dai-nos sabedoria! Cidadão, honestidade e amor à Pátria! Cristão, fé no Pai Eterno e espírito de caridade! Militar, cumprimento do dever! Soldado, a coragem! Amigo, a solidariedade e o respeito! Esposo, companheirismo, amor e fidelidade! Avô, carinho e juventude! Ao sempre estudante,vontade de vencer os obstáculos da vida!

Não esquecendo os sons dos aplausos, quando o féretro fazia o seu percurso.

Bom Jardim, obrigado!

(Texto escrito por suas filhas: Anita Costa Cabral Mululo e Aurea Costa Cabral)